E se não recebermos aquilo que pedimos em oração? Escritora cristã responde
- 22/08/2024
A escritora e jornalista cristã Sarah Holliday refletiu sobre uma das questões mais controversas no Cristianismo, que é a experiência de pedir algo a Deus em oração e não receber. Essa situação pode parecer uma contradição ao que está escrito em Marcos 11:24, onde Jesus afirma:
“Portanto, eu lhes digo: tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá.”
Sarah elogia o texto dizendo que “é um versículo lindo, [mas] que ainda assim, é provável que muitos de nós sigamos a Cristo, oremos em Seu nome, mas não recebamos o que pedimos”.
A escritora concorda que quando isso acontece, a leitura de um versículo como esse se torna um pouco confusa para as pessoas. E explica o motivo:
“Quero dizer, como devemos interpretá-lo quando sabemos que há ocasiões em que não recebemos o que pedimos em oração? A Escritura não diz: ‘Peçam, e lhes será dado?’”
Ela lembra que não são poucas as vezes que orações são feitas a Deus sem, contudo, serem respondidas.
“Oramos por um emprego, mas somos rejeitados. Oramos por um cônjuge, mas ainda estamos esperando. Oramos por segurança e saúde e nos deparamos com dor e perda. Quando enfrentamos realidades que parecem ser o oposto do que oramos, dizemos ao Senhor: ‘Por quê?’ Ou talvez não o procuremos de jeito nenhum e, em vez disso, presumimos que nossas circunstâncias são um reflexo de que Deus simplesmente não está nos ouvindo”.
‘Estou com você’
Para refletir sobre esse tipo de situação, Sarah cita o seguinte pensamento do pastor Charles Spurgeon: “Se Deus não quisesse nos ouvir, Ele não nos mandaria orar”.
A escritora também traz sua experiência pessoal sobre esse tema: “Mas também, lembro-me, durante um período sombrio, de perguntar a Deus por que eu estava passando pelo que estava passando. A única resposta que me lembro de ter recebido foi: ‘Fique quieta. Eu estou com você’”.
“Só mais tarde percebi que essa verdade vinha de Isaías 41:10, que afirma: ‘Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, eu te ajudo, eu te sustento com a minha destra justa’”, recorda-se.
Sarah diz que essa foi uma lição importante, a aprender, que saber quem é Deus significa que não precisamos saber por que algo está acontecendo.
“Seu bom caráter emparelhado com Sua natureza soberana equivale, pelo menos para mim, à paz que excede todo entendimento”.
Intimidade com Jesus
Sarah também traz um argumento bastante forte para refletir sobre o tema: a intimidade com Jesus.
“Mas há outro aspecto dessa conversa que vale a pena abordar, e é o fato de que quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais nossos desejos serão fixados no que é de Cristo. E quanto mais nossos desejos são de Cristo, mais provável que, de fato, obtenhamos o que pedimos.”
E explica com mais detalhes, trazendo diversos textos do Novo Testamento para a conversa:
“Jesus disse em João 6:37, ‘Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim eu nunca lançarei fora’. Além disso, em João 10:28, Ele declarou, ‘Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão’. Romanos 10:9 diz, ‘Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, você será salvo’”
Sarah diz que o ponto de tudo isso é que “as Escrituras proclamam a mensagem de que se queremos Cristo em nossas vidas, nós vamos receber Cristo. Ele quer que nos voltemos para Ele, e quando um coração sincero ora por um relacionamento com o Senhor, eu tenho que acreditar que esse é um pedido que certamente receberemos. E realmente, existe algum desejo maior do que ser um seguidor de Jesus? Eu teria que dizer que não, não existe”.
Nesse sentido, a autora diz que a lógica desse relacionamento é que “se nosso maior desejo é Cristo, veremos isso se concretizar.”
“Eu também argumentaria que se nosso maior desejo é Cristo, e o buscamos com todo o nosso ser, então o que queremos crescerá cada vez mais para ser aquilo que é prometido ser nosso em Cristo”.
“Agora, não estou falando sobre as pessoas que alegaram ter fé e aparentemente se afastaram. Estou falando sobre o que as Escrituras têm a dizer sobre ser um cristão. E as Escrituras, mais claramente, definem o crente como alguém com alegria, esperança, paz e uma eternidade com Cristo que o aguarda. A Bíblia não diz que sempre nos sentiremos alegres, nem diz que sempre estaremos em paz. Mas diz que temos Cristo, e Ele é onde nossa alegria e nossa paz são encontradas.”
Sarah diz que Jesus “é nossa âncora e rocha, nosso escudo e libertador”. E cita C.S. Lewis: "Mire no céu e você terá a terra jogada. Mire na terra e você não terá nenhuma das duas coisas."
E afirma: “No final das contas, quando nossos olhos estão fixos nele, vemos nossas circunstâncias de forma diferente. Não apenas temos esperança, mas começamos a ver o propósito que cada rejeição, provação e bênção tem. Porque, mesmo que não possamos entender completamente, quando nosso maior desejo é Cristo, podemos agradecer a Ele por toda e qualquer circunstância que nos aproxime Dele.”
Deus é intencional
Formada em Artes e Teologia pelo Reformation Bible College em Sanford, na Flórida (EUA), Sarah fala sobre Deus fazer tudo com intenção.
“Quando enfrentamos a rejeição, podemos orar: ‘Deus, obrigado por deixar claro que não é para onde você queria que eu fosse’. Se ainda estamos esperando por um cônjuge, podemos orar: ‘Senhor, por favor, use este tempo para me moldar em quem eu preciso ser para servir melhor meu futuro cônjuge e use este tempo para me lembrar que Você sempre será meu maior amor’. Se formos atingidos pela tragédia, podemos orar: ‘Pai, seja minha paz durante este tempo. Que meu sofrimento me aproxime de Você’”.
E encoraja: “Quando nosso maior desejo é Cristo, podemos ver como cada uma de nossas orações é então elaborada em torno deste único pedido: ‘Dê-me Jesus’".
Jesus é tudo
Sarah diz que sua oração é para que os crentes nunca se esqueçam que a eternidade com Cristo compensa todas as perdas terrenas.
“Uma vez tropecei em uma citação que discutia como, mesmo se morrermos sem respostas para todas as nossas perguntas, uma vez que finalmente estejamos totalmente unidos a Cristo, não sentiremos mais a necessidade de ter essas respostas”, argumentou.
“Esta mesma verdade se aplica aos nossos pedidos. Uma vez que chegamos ao fim desta vida, podemos olhar para trás e ver que não recebemos tudo o que pedimos. E uma vez que vemos Jesus face a face, finalmente perceberemos que Ele é tudo o que realmente poderíamos querer”.
E ilustra:
“Ensina-me a orar”, escreveu um puritano anônimo certa vez. “Que Teu Espírito ajude minhas enfermidades, pois não sei o que orar como deveria. Que Ele produza em mim desejos sábios pelos quais eu possa pedir coisas certas... Que eu nunca seja importuno por bênçãos temporais, mas sempre as refira à Tua bondade paternal, pois Tu sabes o que preciso antes que eu peça; que eu nunca pense que prospero a menos que minha alma prospere, ou que sou rico a menos que seja rico para Ti, ou que sou sábio a menos que seja sábio para a salvação. Que eu busque primeiro Teu reino e sua justiça.”
“Que eu valorize as coisas em relação à eternidade: Que meu bem-estar espiritual seja minha principal solicitude. Que eu seja pobre, aflito, desprezado e tenha Tua bênção, em vez de ser bem-sucedido em empreendimentos, ou ter mais do que meu coração pode desejar, ou ser admirado por meus semelhantes, se por isso essas coisas me fizerem esquecer de Ti. Que eu considere o mundo como sonhos, mentiras, vaidades, aborrecimentos de espírito e desejo de me afastar dele. E que eu busque minha felicidade em Teu favor, imagem, presença, serviço.”
E finaliza: “Que esta seja a oração de todos os crentes: que nossas vidas sejam vividas primeiramente e acima de tudo para Cristo”.
