Uma mulher foi vítima de violência no Rio a cada uma hora em 2022, aponta levantamento
06/11/2023
Dados são da 3ª edição do Mapa da Mulher Carioca divulgado nesta segunda-feira (6). Relatório também traz números sobre violência contra idosas: das quase 20 mil notificações de violência, 6% aconteceram contra pessoas com 60 anos ou mais. Uma mulher foi vítima de violência no Rio a cada uma hora em 2022
Uma mulher foi vítima de violência no Rio a cada uma hora em 2022. São agressões físicas, sexuais, psicológicas, praticadas na maioria das vezes pelos próprios companheiros e dentro de caso. É o que aponta a 3ª edição do Mapa da Mulher Carioca divulgado nesta segunda-feira (6).
Em toda a cidade, foram 35 casos de feminicídio cometidos por companheiros, namorados e até irmãos — sendo 14 só na Zona Oeste.
“O Mapa da Mulher Carioca justamente traz essas informações: qual é o cenário da violência contra as mulheres, da segurança, da educação, saúde, da assistência e assim por diante”, explica a secretária de Políticas e Promoção da Mulher, Joyce Trindade.
“Esses dados são colocados a partir dos bairros e isso facilita pra gente, enquanto prefeitura, saber exatamente onde atacar. Será que naquele bairro tem mais violência de certo tipo ou outras formas de violência?”, completa.
Violência contra a mulher
Reprodução/TV Globo
Violência contra idosas
O relatório também traz números alarmantes sobre violência contra mulheres idosas. Das quase 20 mil notificações de violência na cidade (19.977), 6% aconteceram contra pessoas com 60 anos ou mais.
Os filhos são os principais autores: são três ocorrências por dia. Ou seja, uma notificação a cada oito horas. A maioria delas, acontece dentro de casa.
“As mulheres idosas, em sua maioria, passam a violência doméstica familiar a partir dos seus filhos. Então, nós precisamos saber onde estão essas mulheres e como nós podemos agir através de política pública para que elas consigam achar a saída”, fala Joyce.
O Mapa da Mulher Carioca traz ainda um dado importante sobre um tipo de violência que ninguém vê: a psicológica. Em 2022, esse foi o tipo mais sofrido pelas mulheres no Rio. Mais da metade dos casos aconteceu dentro de casa.
Uma mulher viveu um relacionamento abusivo por 12 anos e chegou a viver em um dos abrigos de acolhimento à mulher da prefeitura com a filha. O agressor foi preso no domingo (5) depois de ir até a casa dela.
“Agora, eu vejo que era pra eu desistir de estar aqui, né? Mas me posicionei e vim. E esse momento que eu passei no abrigo sigiloso foi muito bom pra eu entender que não é só agressão física, né? É agressão verbal, agressão psicológica, agressão sexual e agressão matrimonial também. Isso não é amor, é doença”, diz a vítima.
Vítima de violência contra a mulher
Reprodução/TV Globo
Uma outra vítima, por muito tempo, teve medo de denunciar, mas foi durante a procura de atendimento psicológico que tomou coragem.
“Depois que eu fiz isso, a minha vida mudou pra melhor. Hoje em dia eu não preciso mais me preocupar com isso, entendeu? Porque eu sei que gente me protegendo, sim. Denuncia. Não deixa de denunciar. Não aceite isso pra sua vida porque isso não é vida”, diz.
O que dizem os envolvidos
Em nota, a Polícia Civil informou que prioriza as investigações dos casos de violência contra a mulher e que só no município do Rio são três delegacias especializadas com profissionais capacitados para acolher as vítimas. Mas, os casos podem ser denunciados em qualquer delegacia.
A Secretaria de Administração Penitenciária disse que monitora 102 potenciais agressores de mulheres que usam tornozeleira eletrônica. E que 57 mulheres podem acionar o botão do pânico em caso de aproximação do agressor.
Segundo a Polícia Militar, em quatro anos de atuação, a Patrulha Maria da Penha atendeu mais de 192 mil mulheres. Ao todo, são 45 equipes especializadas para o atendimento — 47% delas composta por mulheres.